24 de março de 2010

Organicismo



Sociologia. Doutrina que assimila a sociedade aos seres vivos e tende a aplicar aos fatos sociais as leis e teorias biológicas.
 

Filosofia. Doutrina segundo a qual a vida provém dos próprios órgãos, e explica os fatos da sensibilidade e do pensamento por meio das funções orgânicas.

Fonte: http://www.dicio.com.br

O que nos ensina essa teoria? Ela examina a sociedade como se esta fora um organismo animal, e atribui-lhe todas as leis que presidem o desenvolvimento dos organismos individuais. Analisa deste ponto de vista o organismo social, estuda todas as suas partes componentes e respectivas funções no seio do organismo e, partindo de vista biológica, estabelece as leis estáticas do organismo social, determinando as funções de cada uma de suas partes separadamente. As relações harmônicas entre o organismo e seus diversos órgãos, constituem nesta teoria, a base tanto do organismo individual como do organismo social.

Segundo esta teoria o organismo social está dividido numa serie de partes-grupos, ocupando-se cada um desses grupos ou partes, de um trabalho especial. Uma se ocupa do comercio, outra com o trabalho físico, uma terceira com o estudo das ciências, etc. Cada uma dessas partes ou órgãos da sociedade executa o seu trabalho próprio, sua função determinada como organismos individuais.

Deste modo, sucede que existe uma perfeita correspondência entre os diversos agrupamentos da sociedade com as suas funções e os diversos órgãos do organismo individual.

Assim, o Estado corresponde, por exemplo, ao sistema nervoso; os sábios ao cérebro; a classe comercial á circulação do sangue; os camponeses e operários industriais aos órgãos da nutrição; exercito, policia e a justiça – aos órgãos de proteção ou defesa.

Todos esses órgãos sociais estão integrados, unidos ao organismo social, que não pode absolutamente existir em qualquer deles.

Toda a atividade social se estancaria, se parasse a função agrícola ou qualquer outra das funções mais importantes.

Os agrupamentos por si só, estão diferenciados entre si; cada um tem a sua função determinada e não pode executar outra.

Como em todo o organismo individual, cada órgão tem a sua função, também cada agrupamento social com função própria ocupa um lugar distinto na sociedade e não pode confundir-se com outro.

A mudança de forma de cada agrupamento social se opera pela multiplicação e morte de suas diferentes células-individuos.

Velamos agora como se desenvolve o organismo social, segundo essa teoria.

Na opinião dos organistas, dá-se o desenvolvimento da sociedade – organismo social – da mesma forma que em todos os organismos individuais: o desenvolvimento do organismo social, medir-se-á pelo nível de integração do organismo todo, acompanhado pela diferenciação de suas diversas partes.

Quanto mais os organismos se desenvolvem, tanto mais se tornam complexos. O fenômeno de integração consiste no ajustamento de todas as partes distintas ligadas e unidas num só organismo ativo. Mas ao mesmo tempo se torna mais pronunciada a diferenciação entre os diversos órgãos, isto é, cada órgão se adapta exclusivamente a determinada função. E, segundo as mesmas leis de integração e diferenciação, se opera a dinâmica do organismo social. Este se torna cada vez mais complexo e integrado; por isso, modernamente, não temos mais partes estranhas ao organismo social, mas, membros internos ajustados de um só corpo – a sociedade humana – e ao mesmo tempo muito diferenciados entre si.

São essas as leis básicas da estática e da dinâmica social formuladas pela teoria organicista da sociologia.

Onde estão os erros científicos desta teoria? Primeiramente apontaremos um grande erro metodológico: ao construirmos a hierarquia das ciências, mostramos que uma ciência nova só pode ser criada quando no campo da observação surgem fenômenos novos e mais complexos, que não podem ser explicados pelas leis das ciências anteriores. Se se pudessem explicar, por exemplo, os fenômenos da vida, pelas leis puramente químicas, a biologia não se teria desenvolvido como ciência à parte e independente. Permaneceria como parte da química, do mesmo modo que a óptica e a acústica constituem partes da física. Isso quer dizer que, se os fenômenos da vida social se realizam e explicam pelas mesmas leis orgânicas, como os da vida de um organismo simples (ser vivo), a sociologia não teria então direito de pretender uma existência á parte e independente, um lugar distinto na hierarquia das ciências.

Esse é o primeiro e fundamental erro da teoria organicista em sociologia.

Observamos, porem, o conteúdo social dessa teoria que é, de um lado, uma teoria do desenvolvimento em geral (pois Spencer foi o fundador da teoria da “Evolução”) e, de outro, uma formula justificativa das atuais formas de “civilização” da vida social, tendo-as como normais, determinadas e necessárias.

Com efeito, essa teoria traça um perfeito paralelo entre o desenvolvimento do organismo social, tendo-as como normais, determinadas e necessárias.

Com efeito, essa teoria traça um perfeito paralelo entre o desenvolvimento do organismo social individual, desde o estado embrionário ao mais aperfeiçoado e afirma que toda a historia da humanidade representa um aperfeiçoamento gradual da sociedade, uma sempre crescente integração e estabilização de seus diversos agrupamentos ou órgãos ás suas funções respectivas e ao organismo todo, e ao mesmo tempo, uma sempre crescente diferenciação entre esses diversos órgãos. Essa existência dos diversos órgãos ou agrupamentos, ou melhor, das classes na sociedade, é, segundo essa teoria, uma coisa natural e cada tentativa para a modificação das formas sociais, não passará de uma loucura e resultara improfícua.

Fonte: http://www.marxists.org
 

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